terça-feira, 14 de dezembro de 2010

terça-feira, 29 de junho de 2010

Cinema do povo nas ruas

Apresentado nas ruas de Belém, PA — onde surgiu —, na ilha de Marajó, na Marambaia e em toda região amazônica, o "cinema de rua" reúne o povo e realizadores comprometidos com o cinema nacional, com perfil diferenciado dos de circuitos dos shoppings , 'enlatados', considerado por Francisco Weyl, idealizador e coordenador do projeto, como 'cinema pipoca'.


Nas ruas de Pacajá, Pará, o povo experimenta um cinema que fala de sua cultura e realidade

— O cinema de rua é uma intervenção artística e social, com uma dimensão necessariamente histórica. Essa prática remonta os anos de 1970, quando diversos cineastas brasileiros utilizavam essa ferramenta criadora para registrar as greves operárias, as greves metalúrgicas no ABC. Alguns desses filmes ficavam prontos a tempo de serem exibidos nas assembléias seguintes, o que fortalecia em demasiado a luta política daquele período — explica Francisco Weyl.

— A imagem em movimento tem um poder fabuloso, e essa dimensão histórica do cinema de rua já acontecia na União Soviética, quando operadores de câmera dirigidos pelo Dziga Vertov chegavam aos rincões mais distantes para captar as imagens da revolução em seu processo emergente, ou seja, o cinema de rua se relaciona com o cinema de guerrilha, de resistência, de enfrentamento — acrescenta.

Francisco é poeta e realizador de filmes. Formado em cinema, com especialização em semiótica, se intitula "carpinteiro de poesia e cinema", tendo seu maior prazer nas exibições gratuitas em ruas e praças de Belém, assim como muitas outras cidades que tem projetos considerados parceiros.

— Quando montamos o 'circo' na rua, instalando o projetor, a caixa de som, o telão, etc, naturalmente chamamos a atenção dos transeuntes, tendo eles sido ou não previamente comunicados daquela ação. Imediatamente há uma ruptura com o conjunto de estruturas subjacentes que estão no ciclo do grande cinema, o cinema industrial, que limita a criatividade humana, como simples expectador — explica Francisco.

— A cidade com seus cidadãos passa a compor o cenário do filme ao mesmo tempo em que se desenha um novo cenário desse mesmo filme, feito desde e neste encontro confronto/convergência. É o cinema chegando até as gentes para as quais a arte deve ser direcionada — continua.

Criar e exibir bons filmes

Para Francisco "cinema na rua" quer dizer "cinema do povo", motivo pelo qual a responsabilidade de quem desenvolve essa prática é muito grande.

— Diariamente nós aqui da região somos bombardeados por um conjunto de imagens, através da televisão, da publicidade, ou dos grandes cinemas. Então nos interessa discutir esteticamente se a nossa produção está de acordo com uma nova linguagem ou se estamos apenas reproduzindo esses padrões, que afinal de contas têm nos usurpado culturalmente — declara.

— Particularmente na qualidade de realizador que sou, tenho um compromisso com a minha cultura, com o meu país, com a minha cidade, com a periferia, de cinema para o povo, com compromisso ético, com perfil bem diferenciado do grande cinema narrativo, do puro entretenimento, 'enlatados', o que chamo de 'cinema pipoca'. Levamos para as ruas filmes feitos com critérios que não é o do lucro financeiro — continua.

O cinema de rua exibe filmes de realizadores da região, ligados aos projetos de outros locais e também de grandes nomes do cinema nacional.

— Mostramos Gláuber Rocha, Eduardo Coutinho, Nélson Pereira dos Santos, e outros sensacionais. Também apresentamos obras como: Brasil para trás, documentário sobre o golpe militar em que registrei o ex-preso político e torturado, Humberto Cunha; Contra corrente filme que fiz com o jornalista Luís Carlos Pinto sobre liberdade de expressão; Patativa do Assaré, do Rosemberg Cariry; Chama Verequete, do Luís Arnaldo, sobre o mestre Verequete, considerado o rei do carimbó, entre muitos outros. No final de cada sessão realizamos debates — relata.

Francisco, que também coordena o Cineclube Amazonas Douro e sempre está ligado a movimentos de resistência cultural, tem como parceiro vários outros grupos que seguem a mesma linha de lutas, dentro e fora de Belém.

— Levo para os locais todo o maquinário, meu projetor, os filmes, os cabos, minha câmera de filmar e de fotografar e vou registrando tudo e colocando para circular na internet. E vamos abrindo essas fontes em um abraço com comunidades em favor da nossa cultura. Recentemente realizamos sete oficinas de cinema e tivemos como resultado nove obras audiovisuais coletivas — comenta com alegria.

— Nossa proposta é trabalhar com a organização de coletivos, visando desaparecer a figura individualista do realizador, colocando na cabeça da moçada que qualquer cidadão pode ser artista, realizador de filmes. E não é porque nossa região é praticamente excluída de verbas do Ministério da Cultura que não produzimos arte. Temos uma grande e rica produção literária, cênica e fílmica aqui na nossa região amazônica — expõe.

Esse trabalho é considerado como vocacional por Francisco e seus companheiros, que o fazem com muita dedicação e coração.

— Sem nenhum tipo de apoio, por exemplo, o realizador Márcio Barradas já fez dois longas e cerca de cinco curtas. Também um professor de Marambaia fez uma pesquisa sobre a cabanagem, o que resultou em um filme falando da revolução cabana, com a participação de 65 alunos, sem um centavo de instituição alguma. Enquanto querem submeter a todos ao 'cinema pipoca' tem um grupo de pessoas realizando um trabalho sério e lutando bravamente para preservar nossos valores — conta.

terça-feira, 9 de março de 2010

MOCULMA e INOVACINE promovem oficina de cineclubismo

Parceria entre poder público e entidade popular promove oficina de cineclubismo durante a programação do Projeto Tela de Rua em comemoração ao aniversário de 16 anos do MOCULMA.


Instituído como o Dia Municipal e Estadual da Umbanda e dos cultos afro-religiosos de Belém e do Estado do Pará, 18 de março é uma data que registra e resgata a memória da luta de Mãe Doca, que fez rufar os seus tambores em louvor aos Deuses africanos e indígenas por ela cultuados. Por esse motivo, o INOVACINE, em parceira com o MOCULMA - Movimento Cultural da Marambaia, realiza a oficina de formação cineclubista “O negro no cinema de Nelson Pereira dos Santos”.



O evento, que acontece entre os dias 15 e 17 de março, na escola pública República de Portugal, integra uma série de ações organizadas pelo Instituto Nangetu; ACAOÃ; Konsenzala de Kafungê; ACIYOMI; FEUCABEP; Casa Brasil África e GEAAM/ UFPA; Rundembo Ngunzo de Bamburrucema, AFAIA; INTECAB-PA; GARRA; Terreiro Dois Irmãos; Terreiro de Nagô de Iemanjá; Mawukwe Toy Vodunnon Aluísio de Lissá.


De acordo com o artista afro-religioso Arthur Leandro, a data demarca um campo de organização e luta do segmento afro-religioso pelo direito à livre expressão, contra a intolerância religiosa e pelo direito à cidadania. Ele diz que mesmo enfrentando a repressão e perseguições de aparatos policiais, Mãe Doca nunca abriu mão de reverenciar em culto às suas divindades.

Arthur Leandro, Artísta e Afroreligioso, vê no cineclubismo um caminho para a luta contra a uniformização e a intolelância religiosa através da formação cultural das novas gerações.


“Ao praticar ritos de matrizes culturais africanas e indígenas, Mãe Doca é o símbolo da resistência contra o preconceito e a intolerância, e também da preservação das diversas cosmologias e dos conhecimentos tradicionais de povos minoritários”, afirma.


OFICINA TEMÁTICA - Aberta à comunidade, a oficina vai abordar a prática cineclubista e ao mesmo tempo focar a temática étnica, mediante a exibição e abordagens críticas de filmes como O AMULETO DE OGUM, TENDA DOS MILAGRES e RIO ZONA NORTE (todos de Nelson Pereira dos Santos) e ainda BARRAVENTO (que é de Glauber Rocha, mas que tem a montagem de Nelson).

O coordenador do INOVACINE, Francisco Weyl, informa que esta é a primeira oficina temática do projeto, que realiza sessões cineclubistas em pontos de cultura e infocentros do programa NavegaPará. Ele acredita que o INOVACINE está a se solidificar como um projeto de raízes comunitárias.

Francisco Weyl, coordenador do INOVACINE em ação no Projeto Tela de Rua do MOCULMA, onde é colaborador e um dos fundadores da entidade.

“Acabamos de sair da Teia da Cultura Amazônica, onde os pontos de cultura nos receberam de braços abertos, e, agora, chegamos à Marambaia, que tem um movimento social forte e criadores de densa produção, ou seja, estas parcerias abrem caminhos para que as comunidades possam ter acesso e produzam elas próprias uma nova cultura audiovisual”.

Esta não é a primeira vez que a Fapespa apóia os movimentos sociais. Ano passado, a Fundação fez parceria com o Fórum dos povos e das comunidades tradicionais e coordenou um seminário no projeto Casa de Caboco, durante o Fórum Social Mundial.

A programação integra a programação do projeto Tela de Rua em comemoração ao aniversário de 16 anos do MOCULMA - Movimento Cultural da Marambaia.

SERVIÇO: Oficina de formação cineclubista O NEGRO NO CINEMA DE NELSON PEREIRA DOS SANTOS.

Período: 15, 16 e 17 de março de 2010.

Horário: 15 às 18h.

Local: Escola República de Portugal (Rua Anchieta, próximo final da linha Djalma Dutra). Em comemoração ao Dia Municipal e Estadual da Umbanda e dos cultos afro-religiosos de Belém e do Estado do Pará.

Organização: MOCULMA e INOVACINE. Coordenação: Francisco Weyl, Mateus Moura e Miguel Haoni.

Parceira: Associação Paraense dos Jovens Críticos de Cinema, APJCC; Cineclube Amazonas Douro.

Informações: 8179-6684 e/ou moculma@gmail.com

Ascom/Fapespa/Assessoria de Imprensa MOCULMA.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Realese - Tela de Rua

Acompanhe a divulgação do projeto Tela de Rua, do MOCULMA na imprensa.

Portal Cultura.